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Neurocirurgião alerta sobre riscos de AVC durante prática esportiva

Apr 06, 2015

Feres Chaddad Neto orienta atletas profissionais e amadores sobre a importância de exames preventivos para evitar acidentes vasculares cerebrais

Que esporte e saúde são aliados, todos sabem. Mas há casos em que a prática esportiva pode até ser fatal. Segundo o neurocirurgião e professor de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Feres Chaddad Neto, não é incomum a ocorrência de AVCs, sigla para Acidente Vascular Cerebral, durante partidas e exercícios físicos. A boa notícia é que esse risco pode ser evitado. 

Cerca de 5% da população têm aneurisma, ou seja, uma malformação nas artérias cerebrais. “A maioria das pessoas vai viver com ele sem nenhum problema, mas, caso ele se rompa, pode ser fatal ou deixar sequelas”, explica. Uma das causas do rompimento de aneurismas cerebrais é justamente a hipertensão arterial. “Durante a prática esportiva, há picos de pressão. Caso a pessoa tenha um aneurisma, correrá mais chances de que ele se rompa, gerando uma hemorragia cerebral, conhecida popularmente como derrame”, completa Chaddad Neto. 

Foi esse o caso do lutador de MMA Leandro Caetano de Souza, o Leandro Feijão, que morreu vítima de um aneurisma aos 26 anos, em 2013, na véspera de entrar no ringue. 

Segundo Chaddad Neto, há ainda os AVCs isquêmicos, que é a falta de sangue no cérebro, causados por um trombo (coagulação do sangue dentro de um vaso sanguíneo). Foi o que aconteceu com a  jogadora da Seleção Brasileira de Handebol, Daniela Piedade, em 2012, durante o aquecimento para uma partida. 

Para o neurocirurgião, é fundamental que profissionais do esporte, treinadores, diretores e presidentes de clube, bem como qualquer pessoa que pratique esporte, realizem exames preventivos. “Da mesma maneira que se faz exames para ver a situação cardíaca antes de se praticar esporte, é importante também ver como está a saúde do cérebro”. 

“Um clube de futebol de elite deveria proporcionar a angiotomografia de todos os jogadores. Dessa maneira, seria possível diagnosticar a existência de aneurisma antes de seu rompimento, que poderá ser corrigido via cirurgia”, reitera Feres. No caso de atletas amadores, a recomendação é particularmente válida quando há casos de aneurisma na família, pois há mais risco de sua incidência.

Risco para os jovens – O risco de acidentes vasculares cerebrais em jovens é bastante grande, pois, diferentemente de pessoas mais velhas, ainda não desenvolveram plenamente a circulação colateral. Um atleta tem um bom fluxo sanguíneo, uma circulação adequada, mas pode não ter uma circulação colateral desenvolvida, que são vias alternativas para a chegada do sangue ao cérebro. “Assim como um rio vai criando caminhos quando encontra barreiras, também no ser humano o sistema circulatório vai buscando canais opcionais de fluxo sanguíneo quando há obstrução por placas de gordura, por exemplo. Nas pessoas mais velhas, há a circulação colateral, que ainda não foi desenvolvida no jovem, mesmo que este pratique esportes”, diz o médico. 

O neurocirurgião, contudo, destaca a importância da prática esportiva regular para uma saúde melhor, inclusive para se evitar AVCs. “A atividade física traz inúmeros benefícios: aumenta os níveis de HDL (lipoproteína de alta densidade, o “bom colesterol”); regula o açúcar no sangue, reduzindo o risco de diabetes; melhora a capacidade mental, como reflexos mais rápidos, maior nível de concentração e memória mais apurada; fortalece os músculos e a manutenção da massa óssea, fundamentais para retardar o envelhecimento; alivia o estresse e a ansiedade; melhora a qualidade do sono, além de ajudar na autoestima”, reforça Feres Chaddad Neto. “Portanto, para usufruir de todos esses benefícios sem riscos, antes de iniciar uma atividade desportiva, convém incluir o exame vascular do cérebro como quesito da avaliação física.”

Casos no futebol brasileiro – Vários jogadores de futebol foram acometidos por AVCs, conforme noticiado na imprensa:

  • Sixto Rojas: O atacante do Sportivo Trinidense, o paraguaio Sixto Rojas, teve um colapso durante o treino em 11 de janeiro de 2006, e faleceu no hospital minutos depois. Os médicos acreditam que ele teve uma embolia cerebral.
  • Tininho: Em 1971, o zagueiro sofreu um aneurisma cerebral durante o treino de seu time, o Guarani. O time estava deixando o campo quando o rapaz tombou morto.
  • Zezinho Figueroa: O jogador morreu durante um treino recreativo de seu time, a Inter de Limeira, em 1986. Mais tarde descobriu que ele tinha um aneurisma cerebral.
  • Márcio António: Médio do Marítimo, faleceu, dia 17 de junho de 1999, em Campo Grande, no Brasil. O jogador, fazia exercícios físicos quando caiu no chão, inanimado. Ele teve um aneurisma cerebral, ou seja, uma "dilatação das artérias do cérebro, que, em caso de má formação, acabam por romper, provocando um derrame sanguíneo, que acaba por inundar todo o cérebro".
  • Válter: O jogador da Portuguesa teve um derrame cerebral durante partida contra o Ypiranga, em 1954.
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