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Transtornos emocionais são a terceira causa de afastamento no trabalho
Nov 26, 2012
No Brasil, existem quase 40 milhões de pessoas com problemas mentais e do comportamento, 17 milhões dos quais são casos graves
A depressão atinge 16% da população. Doenças da ansiedade, como as fobias, a síndrome do pânico e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), atingem cerca de 15% das pessoas. O consumo abusivo de álcool, além de causar boa parte dos acidentes de trânsito e inflamar situações de violência, pode levar ao alcoolismo, problema que atinge 9% dos brasileiros. Essas e outras alterações psíquicas, como o transtorno bipolar, a esquizofrenia, a anorexia, a compulsão por jogos e o mal de Alzheimer, além de ter um enorme custo humano, geram também um alto custo econômico. No Brasil, já representam a terceira causa de afastamento do trabalho. Em 2011, 181 mil pessoas receberam da Previdência Social o auxílio-doença devido a esses problemas, benefício concedido a quem precisa se ausentar do trabalho por mais de 15 dias, por motivos de saúde.
Prejuízos desse tipo ocorrem no mundo inteiro. Os americanos deprimidos perdem 5,6 horas de produtividade no trabalho por semana, ou seja, aproximadamente 12 dias de trabalho por ano, entre ausências e redução no desempenho, um índice quase quatro vezes superior ao das pessoas sem depressão. Os distúrbios da mente consomem 6% do orçamento da saúde nos Estados Unidos e geram um custo total de 300 bilhões de dólares por ano. São a terceira condição médica mais cara para os americanos, segundo dados do NIMH, instituto do governo americano dedicado a pesquisas na área da saúde mental.
Os prejuízos na vida profissional e o impacto financeiro dos transtornos emocionais são assuntos abordados do livro Não é coisa da sua cabeça, um guia acessível a todos os interessados no assunto. Editada pelo selo Gutenberg, a obra é resultado do trabalho da jornalista Naiara Magalhães, ex-repórter da revista Veja, e do executivo José Alberto de Camargo, ex-CEO da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração.
O livro nasceu da experiência de gestão de Camargo, que, ao longo de sua carreira, pôde perceber não só a alta incidência estatística dos transtornos emocionais, mas notar que esses males causam problemas pessoais e conflitos familiares que acabam se estendendo ao ambiente profissional. “Imagine o que é se concentrar no trabalho tendo crises constantes de ansiedade que mais parecem um infarto, como ocorre aos que padecem da síndrome do pânico? Ou o que é realizar tarefas funcionais com afinco tendo em casa um filho dependente de drogas ou uma esposa com depressão, demandando cuidados intensivos, por meses ou anos?”, pondera.
Com o respaldo de trinta dos mais conceituados especialistas da área – entre médicos, psicólogos, terapeutas e pesquisadores, em sua maioria ligados à Universidade de São Paulo (USP) – e do relato de dezesseis pessoas que superaram ou estão superando um transtorno emocional, os autores identificam a tênue linha que separa atitudes e comportamentos considerados dentro do padrão de normalidade psíquica e aqueles definidos como desordens mentais. Ao longo de onze capítulos, o livro vai distinguindo ansiedades momentâneas, tristezas e desânimos passageiros, falhas de memória pontuais, manias, superstições e excentricidades inofensivas das doenças psíquicas, que trazem sofrimento para as pessoas, comprometem sua vida prática e interferem na vida dos que estão a sua volta. Testes recomendados pelos especialistas ajudam o leitor a avaliar se há em si sinais de alguma dessas doenças.
Além de discorrer sobre as origens, os sintomas e os tratamentos dos problemas mais comuns e impactantes nesse campo, o livro aborda as atitudes que os familiares podem tomar em benefício da pessoa em sofrimento, avalia a cobertura que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece – e deixa de oferecer – nos tratamentos de saúde mental, e dá dicas de como prevenir os transtornos da mente. Ao final, um glossário ajuda a entender termos do universo psíquico, como mente, alma, razão, emoção, personalidade, delírio, estresse, psicoterapia, psicanálise e psiquiatria.
Buscando afastar noções simplistas, segundo as quais as doenças da mente são vistas como falhas no caráter, fraqueza, frescura, ou simples “criações da cabeça das pessoas”, o livro abre as portas desse complexo tema para que os leitores percebam que qualquer um – até alguém próximo – pode ser acometido por alguma dessas dificuldades.
Para o médico e escritor Drauzio Varella, que assina a quarta capa da obra, Não é coisa da sua cabeça apresenta os transtornos emocionais “com muita propriedade” e assume o propósito de “servir de orientação para todos nós que lutamos para manter a sanidade num mundo cada vez mais enlouquecedor”. “É um livro muito interessante, bem escrito, que trata das alterações da mente e do comportamento humano como se os autores conversassem com o leitor”, define.
Confira aqui capítulo inicial de Não é coisa da sua cabeça.
Título: Não é coisa da sua cabeça
Autores: Naiara Magalhães e José Alberto de Camargo
Número de páginas: 320
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 31,90
ISBN: 978-85-65383-77-6
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