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Vencedora do Prêmio Jabuti fala sobre o processo de criação do livro "Poemas Problemas"
Oct 24, 2013
Artista plástica, arquiteta e escritora, Renata Bueno foi a primeira colocada no 55º Prêmio Jabuti na categoria Didático e Paradidático, com o livro 'Poemas Problemas', publicado pela Editora do Brasil e que, entre charadas, enigmas e contas, transforma problemas matemáticos em poemas e vice-versa. Nesta entrevista, ela fala sobre o processo de criação da obra, sua relação com as linguagens escrita e imagética, com a literatura e muito mais.
Como foi o processo de elaboração de Poemas Problemas? Como surgiu a ideia do livro?
Poemas Problemas é um livro muito especial pra mim porque ele está totalmente ligado a minha história. Minha mãe (Ana Maria Bueno) é professora de matemática e, quando eu estava na quarta série (hoje, quinto ano), ela foi professora da minha turma! Na época, ela fazia uma atividade junto com outra Ana, querida professora de português. As crianças criavam problemas de matemática com rimas! Quando minha mãe me mostrou isso, muito tempo depois, aqueles papéis amarelados me encantaram... Que ideia maluca e, ao mesmo tempo, deliciosa! Passei a criar, já adulta, muitos e muitos problemas com rimas. Daí surgiu a ideia do livro e do nome: Poemas Problemas. Claro que minha mãe leu e releu cada problema e deu muitas sugestões também!
Além de escrever, você é também ilustradora. Como funciona essa dupla linguagem? O que vem antes: o texto ou a imagem?
Considero-me uma artista visual. Sempre gostei das imagens. Pintar, desenhar, recortar, carimbar, serigrafar. Divirto-me muito com as cores, as formas, as linhas. Quando percebi que também podia brincar com as palavras, foi uma descoberta muito importante. Hoje escrevo e ilustro, mas gosto de trabalhar com projetos em que as duas coisas conversam e uma enriquece a outra, criando novos significados. Na concepção de Poemas Problemas, por exemplo, as rimas, recheadas de dados (coleção da minha mãe), foram nascendo junto com as ilustrações.
Quais foram suas maiores inspirações para iniciar a carreira de escritora e de artista plástica?
Inspirações? Ai... Difícil dizer que se inicia qualquer carreira por inspiração. Admiro muitos e muitos artistas plásticos, ilustradores, escritores: o grupo Cobra, Klee, Louise Bourgeois, Isidro Ferrer, Sara Fanelli; as poesias de Manuel de Barros, Cecília Meireles; adoro arte indiana; máscaras africanas; tecidos da Guatemala; cuias pintadas na Amazônia brasileira. Viajar pra mim é sempre inspirador. Comecei ilustrando e hoje ilustro, mas também escrevo e faço esculturas, serigrafias, projetos de intervenções na cidade.
O que a levou a escrever livros para o público infantil?
Sempre fui louca por livro infantil. Aliás, livro infantil? Que coisa esquisita, né? Pra mim, livros lindos não têm idade. Quando meu filho nasceu, a aproximação com esse universo se ampliou. Ler com ele, viver a experiência de participar das descobertas de uma criança, é uma delícia!
Na descrição que faz no final do livro, você conta que os materiais didáticos inventados por sua mãe, professora de matemática, serviram de inspiração. O livro é também uma homenagem a ela? Ela ajudou na produção dos poemas ou exercícios suplementares?
O livro é dedicado a minha mãe. Sem ela, ele não seria possível. Foi a partir de uma ideia dela que tudo surgiu. E não parou por aí... Em cada pedacinho do livro, ela esteve presente opinando, relendo, cuidando. Um carinho de mãe que tornou esse trabalho tão especial. Depois que o livro estava pronto, ela escreveu um material complementar que ajuda professores e alunos a usarem o livro em sala de aula de maneira criativa.
O livro foi concebido inicialmente apenas para divertir as crianças ou o objetivo foi também ensinar matemática?
Minha mãe sempre me mostrou como é importante ensinar divertindo. Jogando, brincando... Educar com prazer! As crianças nos ensinam muito e sempre. Nos meus livros, tento trocar experiências com elas. A matemática na minha casa sempre foi divertida, fez parte do nosso dia a dia. Jogos, brincadeiras, charadas. No Poemas Problemas, tentei transmitir essa diversão também.
Você já escreveu mais de dez livros infantis. Há algum tema que você goste mais de tratar nas obras?
Hoje tenho mais de 20 títulos publicados e não canso de criar... Outros vêm por aí. Adoro quando a imagem e a palavra fortalecem o projeto. Tema? Acho que não. Dedico-me a livros que me dão prazer! Meu filho está sempre me dando ideias também...
Escrever para leitores iniciantes implica algum tipo de restrição em termos de linguagem, assunto, enfoque etc.?
Até hoje não usei nenhum tipo de restrição em função do público. Como disse, livros não têm idade! Escrevo e desenho o que tenho vontade.
Sabe-se que no Brasil lê-se pouco. Em sua opinião, como a leitura poderia ser mais estimulada?
Ler com nossos filhos, compartilhar esse momento que é tão especial, trocar livros na escola e nas praças, ampliar o repertório do professor.
Qual é o significado do Prêmio Jabuti para você?
O prêmio vem como reconhecimento do meu trabalho. Importante, sem dúvida. Estimulante, também, para continuar produzindo e tentando sempre me redescobrir!
Confira aqui mais informações sobre o livro Poemas Problemas, primeiro colocado na categoria Didático e Paradidático do 55º Prêmio Jabuti, outorgado pela Câmara Brasileira do Livro.
Mais informações sobre os livros publicados pela Editora do Brasil estão disponíveis no portal www.editoradobrasil.com.br
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