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Pedido de casamento se mistura a narrativa delirante no romance “febre”
Apr 08, 2013
Um professor de filosofia decide enfim pedir sua jovem namorada, médica oncologista precoce e bem-sucedida, em casamento.
A resposta, seja qual for, mudará a sua vida.
Em “Febre”, primeiro romance do jornalista e professor universitário Renato Essenfelder, a narrativa dos preparativos para o grande dia se mistura progressivamente à reavaliação dos anos de convivência do casal – e, por sua vez, a uma misteriosa moléstia.
À medida que o texto avança, avança também a temperatura corporal do protagonista. De início em confortáveis 36.6º, ele chegará aos delirantes 41.5º. E a febre do corpo é também a febre da alma: seus próprios pensamentos se desconstroem conforme a moléstia avança, contagiando pensamento, linguagem e memória.
Mas que doença é essa que o leva aos extremos da febre?
“Mais importante do que o enredo, acredito, é a maneira como a história é contada. E a história dessa febre do corpo físico e da alma, da paixão, é contada de maneira sensível e original”, diz o escritor, que é também doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e escreveu seu romance em paralelo à tese, que versa sobre edição de jornais impressos.
“Em vez de dividir o livro em capítulos tradicionais, a narrativa é segmentada conforme a temperatura corporal do protagonista, cuja febre aumenta progressivamente”, explica ele. “Assim, o próprio texto padece dessa mesma febre, é como se obra e narrador adoecessem juntos: de início o texto é bem estruturado, mas logo vai se desmanchando em um delírio que acompanha o desespero do narrador até chegar a um final surpreendente”.
O livro é narrado em primeira pessoa, a partir da perspectiva de um professor de filosofia que imagina que o casamento com uma mulher de sucesso profissional pode ser a grande guinada que irá tirar a sua vida do marasmo e da mediocridade.
O livro pode ser encomendado pelo site da Ediitora Patuá: http://www.editorapatua.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=153
Mais trechos e novidades estão na fanpage do Facebook: http://www.facebook.com/febre2013?fref=ts
Sobre o autor - Renato Essenfelder (Curitiba, 1980) é escritor, jornalista e professor universitário de jornalismo no Mackenzie e na ESPM. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP e mestre em Língua Portuguesa pela PUC-SP, publicou contos em revistas especializadas e em coletâneas e conquistou prêmios em concursos regionais de contos e poesias. “Febre” é o seu primeiro romance.
Título: Febre
Autor: Renato Essenfelder
Editora: Patuá (2013)
Número de páginas: 104
Preço: R$ 30
TRECHOS
Primeiro capítulo:
36.6°
Água, espuma, água, espuma, água, espuma. Quantas vezes? Quase limpo. Água, espuma, água. Toalha, espelho, suspiro; escrivaninha, papel, caneta; coragem. Coragem? Revisar tudo mais uma vez. Reler cada palavra buscando a entonação perfeita. A declaração perfeita. Papel nas mãos, sublinhando a fala cuidadosamente decorada. “Acaba com a naturalidade”, alguém disse, e eu ri de escárnio daquela pirraça: viver e o que acaba com toda a naturalidade.
O natural das coisas e morrer, simplesmente.
Por isso, decorar cada palavra. Cada palavra decorada, até não restar nada de natureza, nada de acaso.
Penúltimo capítulo:
41.4°
(...) Eu vi o ciúme vencer o amor, eu vi a inveja vencer o amor, eu vi a solidão vencer o amor, o silêncio, a honra e obrigatoriedades, o dever, o querer, o parecer, eu vi vestes douradas sobrepujando o amor, cartões de crédito, dias de sol, dias de chuva, tempestades longínquas; fluxos menstruais venceram o amor, hormônios, antidepressivos e depressões, decotes, tédio, aeroportos fechados. Ar. Calor. Quarenta graus de febre.
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Mais informações para a imprensa:
Renato Essenfelder
(11) 98404-4492
[email protected]
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