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Psicanalistas brasileiros e ingleses analisam as diferentes formas de intolerância
Jan 13, 2015
Racismo, xenofobia, homofobia, sexismo, preconceito religioso, social ou político. A intolerância é a base da discriminação do outro, seja nas relações com vizinhos, grupos ou nações. Na coletânea "Raízes da intolerância", organizada por João Angelo Fantini, lançamento da EdUFSCar, psicólogos e psicanalistas brasileiros e ingleses abordam o assunto sob diferentes perspectivas.
A obra faz parte de uma proposta de cooperação internacional para a reflexão e a produção entre os autores e suas universidades em torno da intolerância. Segundo Fantini, “o conjunto de textos pretende demonstrar como a intolerância e os mecanismos de segregação estão intrinsecamente ligados aos processos de subjetivação constituintes na construção do sujeito e como estes processos, fundamentais para o que chamamos ‘humano’, podem ser também ameaçadores ao laço social que funda a civilização”. A ideia é que o entendimento desses processos pode ajudar a pensar em como evitar ou, ao menos, minimizar os eventos conflitivos entre o sujeito e o outro.
O professor da USP Christian Dunker abre o livro focando o problema da intolerância no Brasil, desde suas raízes indígenas, para nos levar a pensar como hoje ainda encontramos traços do sincretismo cultural, especialmente aspectos que se tornam comuns na sociedade brasileira, como o “jeitinho” e a “cordialidade” brasileiros. Já Stephen Frosh, da Universidade de Londres, analisa como se formam os grandes grupos, especialmente como se processa o mecanismo de isolamento/agrupamento, oferecendo um amplo painel histórico de questões como as implicações de dissolução de fronteiras nos grandes grupos, a demanda por autonomia e o papel da alteridade na construção da subjetividade.
O estudo de Derek Hook, da Universidade de Londres, discorre sobre os mecanismos subjacentes no racismo, levando em conta não apenas aspectos psíquicos, mas também históricos sobre as relações de poder. Da mesma universidade, Lisa Baraitser e Stephen Frosh resgatam as questões que fundam as raízes do processo de constituição do sujeito e do outro, a partir da separação primeira da mãe: “a capacidade da mãe para ver e amar a criança, mas não dominá-la, não colonizar o espaço mental da criança, pode ser o paradigma fundamental de como ela pode ser capaz de pensar”. Abordam, portanto, as relações entre pensamento, reconhecimento e alteridade.
O texto de João Angelo Fantini, professor da UFSCar, encerra a coletânea, com uma análise sobre as políticas de igualdade, especialmente em relação ao sistema de cotas, para além das diferenças culturais e políticas entre o Brasil e o Reino Unido.
Embora tratando de diferentes perspectivas sobre o assunto, não é incomum que vários capítulos dialoguem com outros intelectuais afetos ao tema − como Judith Butler, Laura Mulvey, Linne Segal, Homi Bhabha, Renata Saleci, Slavoj Zizek, entre outros −, permitindo pensar, especialmente com a psicanálise e a teoria social, formas de discriminação relevantes no debate sobre a intolerância.
Sobre o organizador – João Angelo Fantini é psicólogo, psicanalista e professor do curso de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos, com pós-doutorado pela Universidade de Londres (Birkbeck College). Professor convidado no curso de semiótica psicanalítica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, também edita a revista Leitura Flutuante (PUC-SP), sobre a produção de subjetividade e os sintomas nas clínicas psicanalíticas.
Organizador: João Angelo Fantini
Autores: Christian Ingo Lenz Dunker, Stephen Frosh, Derek Hook, Lusa Baraitser e Oscar Angel Cesarotto
Número de páginas: 146
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 29,00
ISBN: 978-85-7600-382-3
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