A mobilidade social da capital paulista no início do século XIX

Na virada do século XVIII para o XIX, alguns municípios paulistas se destacavam na produção e exportação de açúcar. Era o caso de Itu, Porto Feliz, Campinas e Santos, que já vislumbravam também os negócios com o café. Enquanto isso, a cidade de São Paulo, beneficiada pelos novos caminhos terrestres que a ligavam a capital da Província ao Rio de Janeiro, começava a desfrutar de intensa vida social e comercial.

A ação dispersiva dos segmentos sociais envolvidos nas atividades comerciais e as influências do complexo contexto de instauração de uma nova ordem política com a chegada da família real no Brasil formatam a nova sociedade paulista. Este processo, onde se destacam os circuitos internos de comércio e se dá entre os anos de 1808 a 1850, é o tema de Sociedade movediça: economia, cultura e relações sociais em São Paulo (1808 – 1850), que a Editora UNESP acaba de lançar.

Denise Soares de Moura esmiúça o ambiente urbano de uma cidade histórica e geograficamente moldada pelos caminhos dos rios, da população, dos animais e da economia, revelando o movimento que reforça a expansão econômica da capital e torna mais complexo o seu tecido social. Capta - na contínua mobilidade de trabalhadores (homens, mulheres, forros, escravos, livres) e membros da elite - a racionalidade de um organismo comercial diferenciada da estrutura agro-exportadora integrada aos circuitos atlânticos: em São Paulo, a atividade comercial não sedimentava, mas pulverizava os segmentos sociais. Tal formação peculiar da capitania de São Paulo, marcada pela dispersão humana, também teve seu impacto na dinâmica sócio-cultural da cidade, “em termos arquitetônicos, culinários, de movimentação artística e letrada das elites” e gerou um “código de conduta costumeiro que viabilizava sua existência material e social”.

Sociedade movediça amplia assim os estudos, investigações e interpretações do diversificado painel historiográfico, literário e memorialístico da capital paulista. Utilizando uma farta base documental (que inclui jornais, ofícios escritos por autoridades policiais, autos-cíveis, autos-crimes, atas, papéis avulsos e registros da Câmara, aquarelas e relatos de viajantes), a autora infiltra-se no tecido urbano paulistano da primeira metade do século XIX para compreender não só a transformação da cidade, mas também outros contextos simultâneos, como a transmigração da família real para o Brasil, o processo de independência, as lutas regenciais e a implantação do Estado.

Sobre a autora – Denise Soares de Moura é mestre e doutora em História Econômica pela Universidade de São Paulo e docente da Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP, câmpus de Franca – SP. É autora do livro Saindo das sombras: homens livres no declínio do escravismo (Centro de Memória/Unicamp, 1998) e de diversos artigos em periódicos nacionais.

Título: Sociedade movediça: economia, cultura e relações sociais em São Paulo (1808 – 1850)
Autora: Denise Soares de Moura
Número de páginas: 325
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 45
ISBN: 85-7139-617-5
Data de publicação: 2006

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