Bonecas de barro transformam 'viúvas da seca' do Vale do Jequitinhonha em 'noivas da seca'

A Editora UNESP promove em São Paulo o lançamento de Noivas da Seca, de Lalada Dalglish. Fruto de anos de convívio da autora com as mulheres ceramistas do Vale do Jequitinhonha (MG), região marcada pela seca e pela pobreza, o livro apresenta o cotidiano e a obra destas artesãs que há gerações transmitem para as filhas e netas os segredos da cerâmica. Lalada aponta os fatores estéticos e socioculturais relacionados à produção, à distribuição e ao consumo das obras produzidas. A autora apresenta também a trajetória visual da cerâmica, por meio de vasta documentação iconográfica.

O lançamento de Noivas da Seca acontece no dia 16 de dezembro, sábado, às 11h, na Pinacoteca do Estado (Praça da Luz, 2, em São Paulo-SP).

Sobre o livro

O Vale do Jequitinhonha, situado no norte do estado de Minas Gerais, tradicionalmente conhecido pela pobreza e pela seca é pródigo na produção de peças de cerâmica. Graças às mãos habilidosas de suas habitantes, o barro abundante na região se transforma em artefatos reconhecidos pela excelente qualidade e criatividade. Durante sete anos, a ceramista Lalada Dalglish acompanhou o dia-a-dia das mulheres que se dividem entre a lida da casa e o artesanato. O resultado desta pesquisa pode ser conferido em Noivas da Seca, lançamento da Editora UNESP. Ricamente ilustrado, o livro destaca a produção de cerâmica nas regiões de Caraí (Ribeirão do Capivara), Turmalina (Campo Alegre), Minas Novas (Coqueiro Campo) e Santana do Araçuaí, com destaque especial para Noemisa, Zezinha, Aparecida e Isabel, reconhecidas artesãs que sobrevivem exclusivamente do seu trabalho.

Por meio dos depoimentos, Lalada constrói uma narrativa na qual a produção das ceramistas é observada sob o ponto de vista social, antropológico e estético, apontando semelhanças e diferenças entre o artesanato, as técnicas de trabalho e os rituais de vida. A autora também verifica a transformação estética na cerâmica da região imposta pela demanda do mercado e constata como as artesãs vendem a produção, seja de forma individual ou em grupo. Tal comércio provocou significativas mudanças socioeconômicas nas comunidades do Vale do Jequitinhonha. As artesãs, conhecidas como “viúvas da seca” por conta do êxodo de seus maridos em busca de trabalho, se transformam por meio de sua arte em “noivas da seca”, alusão de Lalada ao tema recorrente das bonecas noivas, pintadas com véu, grinalda e ramo de flores. Atualmente, os maridos das ceramistas permanecem em casa para ajudar na produção.

Mais do que um relato sobre a produção e comércio de peças de cerâmica, Noivas da Seca retrata como arte e vida, natureza e cultura estão intimamente marcados no cotidiano destas mulheres que fazem brotar belas bonecas de barro da “terra seca onde não nasce nem um pau de flor”.

Sobre a autora

Lalada Dalglish iniciou seu contato com a arte cerâmica na década de 70. É mestre e doutora na área e autora de Mestre Cardoso a Arte da Cerâmica Amazônica. Ceramista praticante, Lalada implementou departamentos de cerâmica e ministrou cursos e palestras em várias instituições no Brasil e no exterior. É professora de Cerâmica no Instituto de Artes da UNESP em que atua também como pesquisadora.

Título: Noivas da Seca
Autora: Lalada Dalglish
Subtítulo: Cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha
Número de páginas: 216
Formato: 26 x 26 cm
Preço: R$ 110
ISBN: 85-7139-712-0
Data de publicação: 2006

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