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Coleção discute a realidade de povos indígenas brasileiros

Apr 07, 2008

Não há dados precisos, mas estimativas apontam que a população indígena no Brasil poderia ser de até 10 milhões de habitantes quando os portugueses descobriram o país. A Funai calcula que cerca de 1.300 línguas eram faladas pelas muitas sociedades indígenas que povoavam o Brasil. Atualmente, porém, esse panorama é bem diferente. A dizimação dos povos indígenas é uma das ignomínias da nossa história.

Com a proximidade do dia dedicado ao índio, 19 de abril, a Editora Unesp resgata títulos que compõem um quadro da realidade indígena brasileira, abordando a questão sob diferentes pontos de vista e buscando contemplar da forma mais ampla possível a complexidade do tema.
A série de livros publicados em parceria com o Instituto Socioambiental e o Núcleo de Transformações Indígenas reúne estudos realizados por antropólogos sobre diversas sociedades indígenas. São seis títulos que apresentam um quadro detalhado da realidade cultural e histórica das tradições dos povos pesquisados.

No livro A duração da pessoa (448 páginas, R$ 55), Elizabeth Pissolato compõe um mapa geral das aldeias Mbya Araponga e Parati Mirim. Apresenta a população, formas de ocupação das aldeias, particularidades de liderança, organização do trabalho e reza. E sob o ponto de vista da cosmologia Mbya, trata da questão da não-durabilidade da vida humana, a doença, da noção de alma e dos nomes próprios.

O nome e o tempo dos Yaminawa (480 páginas, R$ 55) é um estudo situado na confluência da História com a Antropologia. A obra conta a história de um pequeno grupo humano, composta a partir de uma documentação secundária e pouco expressiva somada a relatos locais. O livro busca a visão que os herdeiros deste grupo têm dessa história, e ainda o papel que essa visão exerce na vida social – um ser, um ver e um fazer entretecidos.

Os dados empíricos somados ao tratamento das fontes históricas produziram a obra Cidade do Índio (448 páginas, R$ 55), que elucida as premissas sociocosmológicas pelas quais os grupos indígenas descrevem e vivenciam as transformações sociais vividas na região desde o início da colonização no século XVIII. Nessa linha, o antropólogo Geraldo Andrello constrói sua narrativa visando preservar um ponto de vista indígena e seu repertório simbólico, guiando-se pelo estilo das próprias descrições nativas e oferecendo um quadro para a compreensão dessa realidade.

Com base em uma detalhada etnografia do caráter inflacionário do consumo entre os índios Xikrin, Economia Selvagem (456 páginas, R$ 55), de César Gordon, nos mostra que o desejo indígena pelos objetos que lhes são estrangeiros não é exótico. Ao contrário, é a expressão de um propósito e de uma história propriamente indígenas, com profundas conexões com a cosmologia, o sistema ritual e o parentesco.

Em Um peixe olhou para mim (400 páginas, R$ 49), por sua vez, encontra-se um dos mais fecundos conceitos etnológicos recentes, o perspectivismo sociocosmológico ameríndio. Escrita por Tânia Stolze Lima, a obra é baseada em um trabalho de campo clássico – de inserção total na comunidade estudada e isolamento do mundo branco –, mas a sistematização das informações etnográficas é realizada sem a pressuposição de uma unidade “a ser buscada por meio das categorias da finalidade cultural, da causalidade sociológica ou da totalidade hierárquica”.

Enfrentando os desafios teóricos da etnologia amazônica, Cristiane Lasmar acompanha as transformações que ocorrem no modo de vida dos índios quando eles deixam suas comunidades de origem e passam a residir na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM). Sua obra, De volta ao lago de leite (288 páginas, R$ 37), analisa as concepções cosmológicas dos índios, observando o modo como o material “civilizado” é apreendido e apropriado pelos Tukanos e Aruaque. O livro estuda ainda como eles constroem a imagem dos índios para si mesmos e como concebem os brancos, as cidades e suas relações com ambos.

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www.editoraunesp.com.br ou telefone (11) 3242-7171.

 

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