Reflexão e indagação sobre os conflitos do campo

Em um país como o Brasil, que ostenta uma das maiores concentrações fundiárias do mundo, há grande carência de debates sobre o direito à terra e de concepções de justiça que questionem o poder dos latifundiários.

Na contramão desta tendência, um lançamento da Editora Unesp em parceira com o NEAD (Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural) faz um amplo levantamento de uma outra história, explicando a origem dos conflitos no campo e das desigualdades sociais. Trata-se de Concepções de justiça e resistência nos Brasis, primeiro volume do tomo Formas de resistência camponesa: visibilidade e diversidade de conflitos ao longo da história, que integra a coleção História do Campesinato no Brasil.

O conjunto de artigos inseridos neste volume são resultados de pesquisas produzidas em várias universidades brasileiras e em distintas regiões do país, objetivando a construção de um campo de conhecimento que aborda a história social do campesinato. As experiências de lutas e a organização dos movimentos espalhados pelo território nacional são amplamente analisadas, evidenciando o uso da violência física como instrumento de repressão (principalmente em relação aos pequenos conflitos, resolvidos sem procedimentos legais e sem a cobertura da imprensa).

Diferentemente da historiografia tradicional, em que os camponeses são mais conhecidos pelas grandes rebeliões contra os latifundiários do que por sua formação histórica, Concepções de justiça e resistência nos Brasis indaga como os pobres do campo procuraram assegurar seu direito à terra. Durante toda a obra, que estuda o período entre o começo do século XVIII e início do século XX, os autores se esforçam para encontrar fatos que permitam gerar “uma resposta à amnésia social que consagrou – como memória nacional – a noção de passividade do povo brasileiro”.

Da coleção História do campesinato no Brasil, também está sendo lançado o livro Formas tuteladas de condição camponesa, primeiro volume do tomo Processos de constituição e reprodução do campesinato no Brasil.

Sobre os organizadores - Márcia Motta é professora doutora do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense, pesquisadora da Companhia das Índias (Núcleo de História Ibérica e Colonial na Época Moderna da UFF) e coordenadora do Núcleo de Referência Agrária. Paulo Zarth é doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e professor de História na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí).

Título: Formas de resistência camponesa: visibilidade e diversidade de conflitos ao longo da história – vol. I - Concepções de justiça e resistência nos Brasis
Autor: Márcia Motta e Paulo Zarth (Orgs.) 
Número de páginas: 352
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 37
ISBN: 978-85-7139-819-1

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