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Historiador discute a polêmica sobre o projeto de recolonização do Brasil

Aug 24, 2009

Em 1822, durante a regência de D. Pedro, o termo “recolonização” apareceu em alguns documentos oficias para denunciar intervenções das Cortes no Brasil. Apesar de deputados portugueses negarem categoricamente um possível plano para restabelecer a dominação colonial, o assunto – ainda não desvendado – fascina historiadores. Na busca por uma resposta, o professor de história da USP, Antonio Penalves Rocha, escreveu A recolonização do Brasil pelas Cortes.

O livro, recém lançado pela Editora Unesp, começa discutindo o termo “recolonização”, já que é necessário compreender o seu sentido e as mudanças ao longo do tempo. Aborda, então, a questão controversa sobre o eventual uso político do termo: desde o seu aparecimento foi constantemente usado para justificar as reações contra o intervencionismo luso, servindo de argumento para desobedecer às determinações de Lisboa e defender a separação com Portugal. Com a independência, a palavra “recolonização” passa a ser empregada para efeitos de legitimação do Estado Nacional brasileiro. O que o autor, ao examinar sua permanência na historiografia dos séculos XIX e XX, define como “invenção historiográfica”.

Nesse cenário, Penalves Rocha salienta que o entendimento mais amplo das ideias econômicas do século XIX são essenciais para debater como os deputados portugueses e brasileiros se posicionavam perante a realidade que se configurava. Isso porque uma possível recolonização também afetava diretamente os interesses ingleses e as recomendações do Congresso de Viena. Além disso, a denúncia de recolonização pela elite brasileira – que aspirava fazer frente à intervenção de Lisboa nos negócios brasileiros – tinha como pano de fundo a defesa das mudanças ocorridas no Brasil após 1808. Por outro lado, as Cortes pretendiam que Portugal exercesse domínio comercial sobre o Brasil, sem, no entanto restaurar o estatuto colonial.

Deste modo, ao resgatar a polêmica sobre a recolonização, o livro debate o sentido de identidade nacional que começa a se formar nos primeiros anos da independência. A recolonização do Brasil pelas Cortes mostra como a ideia da nacionalidade brasileira começa então a se diferenciar da portuguesa.

Sobre o autor – Antonio Penalves Rocha, natural de Bragança Paulista (SP), é professor do Departamento de História da FFLCH-USP, ator de A economia política na sociedade escravista (Departamento de História-USP e Hucitec), Visconde de Cairu (Editora 34) e Abolicionistas brasileiros e ingleses (Unesp), além de diversos capítulos de livros e artigos em periódicos acadêmicos. 

Título: A recolonização do Brasil pelas Cortes: histórias de uma invenção historiográfica
Autor: Antonio Penalves Rocha
Número de páginas: 134
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 28
ISBN: 978-85-7139-933-4

Os livros da Fundação Editora da Unesp podem ser adquiridos pelo telefone (11) 3107-2623 ou pelos sites:
www.editoraunesp.com.br ou www.livrariaunesp.com.br 

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