Diplomata traça panorama sobre a relação entre identidade nacional e política externa brasileira

A morte de José Maria Paranhos da Silva Junior, Barão do Rio Branco, na véspera do Carnaval de 1912 e o consequente adiamento das festividades populares daquele ano foram o ponto de partida para o diplomata e pesquisador Luís Cláudio Villafañe na composição de O dia em que adiaram o Carnaval. Este lançamento da Editora Unesp é obra fundamental para quem procura entender as emaranhadas ligações entre a identidade nacional e as relações externas brasileiras. Segundo o autor: “Ainda hoje, a referência ao que seriam as diretrizes do Barão permanece um dos eixos inevitáveis da retórica sobre a política externa do país”.

Com enorme prestígio perante as autoridades, imprensa e sociedade civil, o Barão do Rio Branco era considerado o diplomata responsável pela consolidação do território brasileiro. Durante sua carreira, havia construído uma imagem de herói nacional. Seu falecimento foi sentido pela população e pelo governo, que declarou luto oficial e transferiu o Carnaval para o mês de abril. É fato, entretanto, que a imposição não foi suficientemente cumprida, visto que o povo optou por comemorar a festa duplamente, no tradicional mês de fevereiro e também na nova data.

Mais do que retratar um período histórico marcante, Luís Cláudio Villafañe, ao fazer a associação entre a cultura popular e a diplomacia brasileira, expõe a necessidade de se compreender a política externa em sua relação com o nacionalismo. O autor acredita que, no Brasil, assim como em grande parte das nações contemporâneas, o Estado foi o responsável por construir a “nação” – embora a população não tenha se portado passivamente. Ainda que houvesse, durante o Império, uma noção estabelecida de Brasil como pátria comum a seus habitantes, é com o advento da República que se desenvolve o sentimento nacional como apego à comunidade imaginada de seus habitantes. 

Villafañe não se restringe às décadas de 1920 e 1930, mas percorre todo panorama histórico do país até os dias atuais. Seu percurso através das relações entre Estado, território e poder político no Brasil desde 1912 retoma temas essenciais presentes na consciência nacional como a construção da ideia de “raça brasileira”, “atraso nacional” e a construção de símbolos culturais como futebol e Carnaval.
 
Sobre o autor - Luís Cláudio Villafañe G. Santos é diplomata pelo Instituto Rio Branco e também graduado em Geografia, pela Universidade de Brasília. Conta com curso de pós-graduação em Ciência Política na New York University, mestrado e doutorado em História pela Universidade de Brasília. É pesquisador associado ao Instituto Rio Branco. Publicou, pela Editora Unesp, O Brasil entre a América e a Europa (2004).

Título: O dia em que adiaram o Carnaval: política externa e a construção do Brasil
Autor: Luís Cláudio Villafañe G. Santos
Número de páginas: 278
Formato: 14 x 21 cm
ISBN: 978-85-3930-060-0
Preço: R$ 40

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