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Estudo revela o diálogo estrutural presente em composições do período tardio beethoveniano
Dec 08, 2010
Mais do que simples relações de similaridade, as ligações entre a Nona sinfonia (1824) e a sonata Hammerklavier (1818), duas criações fundamentais de Ludwig van Beethoven, se revelam de forma profunda e consistente na análise do músico e pesquisador Daniel Bento. Elas emergem como um diálogo estrutural, no qual não apenas as semelhanças, mas também as diferenças revelam muito sobre cada composição, “apontando princípios comuns atualizados de maneiras diferentes ou desdobramentos de um mesmo pensamento criativo”, como afirma Bento no livro A Nona sinfonia e seu duplo, lançado pela Editora Unesp.
Nos estudos empreendidos, Bento não se limita a determinar divergências e semelhanças, nem busca subordinar uma obra a outra – a hierarquização, segundo ele, dificilmente se sustentaria já diante da importância de cada uma no repertório –, mas elabora um diálogo complexo, intermediado pela figura do duplo. Duplos, define, “são metáforas um do outro e da própria identidade”. Em evidência na literatura da época e em textos pioneiros de Rank e Freud, a figura do duplo como eixo articulatório da análise permite envolver a discussão em uma atmosfera que foi bastante contundente no período da produção musical beethoveniana e, no caso da Nona sinfonia e da sonata Hammerklavier, constitui autêntica chave para o entendimento da vinculação que estabelecem entre si.
Nutridas do exame integral das arquiteturas das duas composições, as reflexões de Bento questionam frontalmente, e com base na própria sonata Hammerklavier, a ideia de retrocesso estilístico na Nona defendida por Adorno e outros autores. Paralelamente, movendo-se também na direção da literatura e da psicanálise, seu estudo chega à relação de “dupla perpetuação” entre essas obras, raros duplos musicais que se fazem ouvir um no outro, em sintonia com a “garantia de imortalidade” que Freud atribui à duplicidade.
Sobre o autor – Daniel Bento é pós-doutor em Música (Unesp), doutor e mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP), bacharel em Composição e Regência (Unesp). Como pesquisador e docente, foi bolsista da Fapesp (pós-doutorado, doutorado e iniciação científica) e do CNPq (mestrado), desenvolvendo e publicando trabalhos voltados à análise do repertório, à harmonia, ao contraponto e à vinculação entre teoria e interpretação musical. É autor, também, de Beethoven, o princípio da modernidade (2002).
Título: A Nona sinfonia e seu duplo
Autor: Daniel Bento
Número de páginas: 225
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 37
ISBN: 978-85-393-0020-4
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