Flor (Botânica, História Natural), Jaucourt [6, 853]
Verbete integrante da Enciclopédia - Volume 3, de Diderot e d'Alembert, organização Pedro Paulo Pimenta e Maria das Graças de Souza. São Paulo: Editora Unesp, 2015, págs. 201-202. É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Flor, produto natural que precede o fruto e produz a pevide, ou, se se quiser, parte da planta que contém as partes próprias para a multiplicação da espécie.
Segundo Ray, a flor é a parte mais tenra da planta, destaca-se pela cor, pela forma, ou por ambas, e geralmente adere aos rudimentos do fruto. O Sr. Jussieu diz que se deve chamar propriamente de flor a parte da planta composta por filamentos e por um pistilo, e utilizada na geração. Mas muitas flores não têm pistilo, e outras não têm filamentos. O Sr. Tournefort define flor como a parte da planta que de ordinário se destaca das outras por sua cor particular, no mais das vezes ligada a embriões de frutos, que na maioria das plantas parecem ter sido feitos para preparar os sucos que primeiro nutrirão o embrião e darão início ao desenvolvimento de suas partes.
Por fim, o Sr. Vaillant considera as flores como órgãos que constituem os diferentes sexos das plantas; as folhas das flores seriam invólucros, que servem para recobrir e proteger os órgãos da geração. A esses invólucros ou túnicas ele dá o nome de flores, qualquer que seja sua estrutura, qualquer que seja sua cor, envolvam elas em conjunto os órgãos de ambos os sexos, contenham somente o de um deles ou apenas parte de um deles; a única condição é que a figura da túnica não seja a mesma das folhas da planta, supondo que as tenha. Com base nesse princípio, denomina falsas flores, ou flores nuas, os órgãos de geração desprovidos de túnicas, e flores verdadeiras os órgãos revestidos por elas; e exclui assim, do grupo das flores verdadeiras, as flores com estames.
Distinguem-se nas flores as folhas, ou pétalas, os filamentos, os vértices, o pistilo e o cálice. Acrescento que as flores, conforme o número de pétalas, são denominadas monopétalas, dipétalas, tripétalas, tetrapétalas etc., quer dizer, têm uma, duas, três, quatro folhas etc.
De acordo com Ray, toda flor perfeita tem pétalas, estames, vértices e um pistilo, em forma própria ou como fruto, maduro ou verde. Ele considera imperfeitas as flores desprovidas de alguma dessas partes.
As flores dividem-se em masculinas, femininas e hermafroditas. Flores masculinas são dotadas de estames, mas não produzem frutos. Flores femininas são as que contêm um pistilo, que é sucedido pelo fruto. Flores hermafroditas são aquelas em que se encontram os dois sexos; são as mais comuns, como o narciso, a lis, a tulipa, o gerânio, a sálvia, o tomilho, o alecrim etc.
A estrutura das partes é a mesma nas flores em que o sexo é dividido. A única diferença entre elas e as demais é que os estames e os vértices, ou seja, as partes masculinas, são separadas dos pistilos e encontram-se ora na mesma planta, ora em indivíduos diferentes. Entre as plantas que têm parte masculina e feminina, mas em indivíduos à parte, contam-se o pepino, o melão, a abóbora, o trigo da Turquia, o girassol, a nogueira, o carvalho, a faia etc.
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