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Antropólogo francês reflete sobre a prática etnográfica

Dec 10, 2015

Michel Agier indica os principais pontos metodológicos, analíticos e existenciais do ofício do etnólogo para que se crie, segundo ele, "um saber que fala de relações e nasce nas relações"

"O campo não é uma coisa, não é um lugar, nem uma categoria social, um grupo étnico ou uma instituição. É talvez tudo isso, segundo o caso, mas é antes um conjunto de relações pessoais com as quais ‘aprendemos coisas’. ‘Fazer pesquisa de campo’ é estabelecer relações pessoais com quem não conhecíamos anteriormente, junto de quem chegamos um pouco na marra". É assim que o antropólogo francês Michel Agier define o trabalho daqueles que buscam uma reflexão sobre a prática etnográfica como experiência pessoal e como fonte de saber em sua obra Encontros etnográficos: interação, contexto, comparação, lançamento da Editora Unesp e Edufal, com tradução de Bruno César Cavalcanti e Maria Stela Torres B. Lameiras e revisão técnica de Yann Hamonic.

Nesta obra, o autor discute a importância do campo e do encontro etnográfico para a formação do pesquisador, já que, segundo Agier, é nesse distanciamento de si, de sair de casa e olhar o mundo que se criará o conhecimento. "Ele [o etnólogo] traz o que aprende de sua viagem para comparar, mas, sobretudo, para aproximar, fazer dialogar, mostrar o que existe de comum nesse mundo de diferenças.”

De acordo Agier, as questões da etnologia, no fundo, são sempre as mesmas, os contextos é que mudam e, assim, nascem novos "objetos" de pesquisa e novos campos. Sua obra convida o leitor a conhecer situações e relações vividas por ele, que nas últimas décadas pesquisou na África, na América Latina e Europa estudando formas de segregação e inclusão sociais no espaço urbano, grupos étnicos e seus processos identitários, ainda o deslocamento de populações e as suas vidas organizadas em espaços improvisados e precários como campos de refugiados e outras áreas de fronteiras. Além disso, elucida as implicações da interação humana, do contexto e das tramas cotidianas da pesquisa e da estadia no campo, comparando situações vivenciadas também por outros pesquisadores.

Sobre o autor - Michel Agier é diretor de pesquisa no Institut de Recherche pour le Développement (IRD) e diretor de estudos na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS-Paris), onde dirigiu o Centre d'Études Africaines de 2004 a 2010 e atualmente integra o Institut interdisciplinaire d'anthropologie du contemporain (IIAC). É autor, entre outros, de Anthropologues en Dangers: l'engagement sur le terrain (Ed. Jean-Michel Place, 1997); L'invention de la Ville: banlieues, townships, invasions et favelas (Ed. Archives contemporains, 1999); Anthropologie du Carnaval (Ed. Parenthèses, 200); Aux Bords du Monde: les réfugiés (Ed. Flammarion, 2002); Gérer les Indésirables: des camps de réfugiés au gouvernement humanitaire (Ed. Flammarion, 2008); Le Couloir des Exilés: être étranger dans un monde commun (Ed. Du Croquant, 2011); Antropologia da Cidade: lugares, situações, movimentos (Ed. Terceiro Nome, 2011) e La Condition Cosmopolite (Ed. La Découverte, 2013).

TítuloEncontros etnográficos: interação, contexto, comparação
Autor: Michel Agier
Tradutores: Bruno César Cavalcanti e Maria Stela Torres B. Lameiras 
Revisão técnica: Yann Hamonic
Número de páginas: 100
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 25,00
ISBN: 978-85-393-0603-9

Mais informações sobre os livros publicados pela Editora Unesp estão disponíveis no site: www.editoraunesp.com.br

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