Personal tools
You are here: Home Clientes Fundação Editora da Unesp Notícias 2021 08 Judith Butler discute mecanismos profundos do discurso de ódio

Clientes

Judith Butler discute mecanismos profundos do discurso de ódio

Aug 02, 2021

A partir da performatividade, filósofa mostra como o poder combativo da linguagem reside em sua natureza insubordinada e dinâmica e na capacidade de se apropriare desarmar termos que normalmente ferem

“A linguagem poderia nos ferir se não fôssemos, de alguma forma, seres linguísticos, seres que necessitam da linguagem para existir? A nossa vulnerabilidade em relação à linguagem é uma consequência da nossa constituição em seus termos?”, pergunta-se a filósofa Judith Butler em seu Discurso de ódio: uma política do performativo, lançamento da Editora Unesp. À luz do conceito central de performatividade aplicado ao discurso, ela examina os debates acalorados sobre os casos de discurso de ódio dirigido especialmente contra minorias – discursos homofóbico, sexista ou racista.

Butler embasa a obra a partir do pensamento de Derrida, Austin, Lacan e Althusser, examinando as palavras que ferem sob pontos de vista diversos. “Uma pessoa não está simplesmente restrita ao nome pelo qual é chamada. Ao ser chamada de algo injurioso, ela é menosprezada e humilhada. Mas o nome oferece outra possibilidade: ao ser insultada, a pessoa também adquire, paradoxalmente, certa possibilidade de existência social e é iniciada na vida temporal da linguagem, que excede os propósitos prévios que animavam aquela denominação”, escreve. “Portanto, o chamamento injurioso pode parecer restringir ou paralisar aquele ao qual é dirigido, mas também pode produzir uma resposta inesperada e que oferece possibilidades. Se ser chamado é ser interpelado, a denominação ofensiva tem o risco de introduzir no discurso um sujeito que utilizará a linguagem para rebater a denominação ofensiva. Quando o chamamento é injurioso, exerce sua força sobre aquele a quem fere. Mas o que é essa força, e como podemos entender suas falhas?”

Em tempos de chamados à censura, debates sobre liberdade de expressão e cultura do “cancelamento”, o alerta da filósofa revela-se mais do que atual: é necessário. “Embora esteja claro que o sujeito fala, e que não existe fala sem sujeito, o sujeito não exerce poder soberano sobre o que diz. Por consequência, a interpelação após a difusão do poder soberano tem uma origem tão obscura como o seu fim”, pontua. “De quem provém o chamamento e a quem ele é endereçado? Se aquele que o transmite não é seu autor, e aquele que é marcado por ele não é objeto de uma descrição, então o funcionamento do poder interpelativo excede os sujeitos constituídos por seus termos, e os sujeitos assim constituídos excedem a interpelação pela qual são animados.” Preocupada com a necessidade de aumentar o poder de ação de dominados e subordinados, Butler problematiza algumas importantes questões que permeiam o debate sobre a criminalização do discurso de ódio.

Sobre a autora – A filósofa estadunidense Judith Butler é Maxine Elliot Professor do Departamento de Literatura Comparada e do Programa de Teoria Crítica da Universidade da Califórnia, Berkeley, e detém a Hannah Arendt Chair na European Graduate School. Expoente nos debates sobre identidade de gênero e direitos humanos, é autora, entre muitos outros trabalhos, de Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade (1990) e Corpos que importam: os limites discursivos do “sexo” (1996).

TítuloDiscurso de ódio: uma política do performativo
Autora: Judith Butler
Tradução: Roberta Fabbri Viscardi
Número de páginas: 284
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 52,00
ISBN: 978-65-5711-057-7

Mais informações sobre os livros publicados pela Editora Unesp estão disponíveis no site: www.editoraunesp.com.br

Document Actions

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp:
Diego Moura | [email protected] 

Pluricom Comunicação Integrada®
www.pluricom.com.br 

pluricom_fb

cadastre-se.gif

Twitter Pluricom