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Pesquisadora francesa explora descontinuidades e fragmentos históricos em livro que repensa o sofrimento e as relações humanas
Aug 03, 2011
Arlette Farge propõe o estudo da história a partir de suas descontinuidades, de seus fragmentos. Na obra 'Lugares para a história', lançada no Brasil pela Autêntica Editora, a pesquisadora francesa é fiel a esta abordagem até mesmo na construção narrativa do texto, que se dá em capítulos curtos e que, embora relacionados, guardam certa autonomia entre si.
“A abordagem do descontínuo, do que não se conecta automaticamente a um sistema liso de continuidades e de causalidades evidentes, tem a vantagem de isolar cada acontecimento e de devolvê-lo a sua história pura, áspera, imprevisível”, lembra Arlette nas primeiras páginas desse livro, cuja cuidadosa tradução é assinada por Fernando Scheibe.
Inspirada na sagacidade crítica das análises de Robert Mandrou e na inteligência criadora de Michel Foucault – com quem publicou, em 1982, La Désordre des familles (A desordem das famílias) –, Arlette se questiona sobre como conciliar as exigências da objetividade e a necessidade que tem o historiador de reinterpretar o passado à luz do presente.
A pesquisadora, que trabalha a partir de arquivos e documentos de registros, estabelece alguns “lugares” para os quais lança seu olhar: de um lado, situações do século XVIII marcadas pelo sofrimento, pela violência e pela guerra; de outro, certos modos singulares de existir no mundo, como a fala, o acontecimento e as relações entre homens e mulheres. Os dois conjuntos se articulam, segundo ela, pela presença, hoje, tanto de configurações sociais violentas e sofridas, quanto de dificuldades sociais que desequilibram as relações entre o um e o coletivo, entre os gêneros e entre os fragmentos separados e a história.
Literatura indicada para historiadores, pesquisadores e estudantes, o livro Lugares para a história não se restringe, porém, ao âmbito acadêmico – pode ser abraçado por todos os interessados em repensar o presente a partir de perspectivas históricas bem fundamentadas.
Sobre a autora – Arlette Farge, historiadora francesa dedicada ao estudo do século XVIII, é professora na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, diretora de pesquisa no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Publicou, entre outros, O sabor do arquivo (EDUSP, 2009), Dire et mal dire. L’opinion publique au XVIIIe siècle (Dizer e maldizer. A opinião pública no século XVIII, inédito em português) e Le Cours ordinaire des choses dans la cité du XVIIIe siècle (O curso ordinário das coisas na cidade do século XVIII, também inédito em português).
Título: Lugares para a história
Autora: Arlette Farge
Tradução: Fernando Scheibe
Número de páginas: 136
Formato: 15,5 x 22,5 cm
Preço: R$ 37,00
ISBN: 978-85-7526-542-0
Editora: Autêntica
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O Grupo Editorial Autêntica tem sua origem com a fundação, em 1997, da Autêntica Editora, que hoje conta com mais de 500 livros nas áreas de Ciências Humanas e de literatura infantil e juvenil, já tendo conquistado os mais importantes prêmios nacionais, como o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, e o Cecília Meireles, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Comprometida com a educação em valores, a editora possui várias coleções dirigidas a educadores e pesquisadores, bem como disponibiliza gratuitamente em seu site a revista eletrônica Formação Docente, editada em parceria com o Grupo de Trabalho Formação de Professores, da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), além de apoiar inúmeras iniciativas públicas e privadas focadas na valorização da educação e da cultura nacionais. A partir de 2003, a Autêntica ampliou sua atuação, com o lançamento do selo Gutenberg, publicando títulos diversificados e plurais, investindo na estreia de autores brasileiros e em temas de interesse a públicos específicos. Nessa mesma linha, lançou em 2011 mais uma editora, a Nemo, especializada em história em quadrinhos, resgatando tanto os clássicos do gênero, como autores nacionais. A partir deste ano, as três linhas editoriais ganham autonomia e se transformam em editoras independentes, com a criação do Grupo Editorial Autêntica. Em comum, mantêm o compromisso com a qualidade de suas publicações e ações, baseadas em valores éticos e estéticos, na inovação permanente, e na crença no livro e na leitura como instrumentos para emancipação humana.
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