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Deleuze e Guattari analisam Kafka com uma concepção completamente nova
Mar 31, 2014
“A literatura é sempre uma expedição à verdade.” A frase é de autoria do notável escritor tcheco Franz Kafka. E para compreender o funcionamento e a relação da “literatura menor” em suas obras, os filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari apresentam em "Kafka: por uma literatura menor", lançamento da Autêntica Editora, uma nova interpretação da obra do escritor ao desmontar e remontar a sua literatura com o intento de evidenciar sua real performance. Os filósofos franceses propiciam, assim, uma visão diferente e singular ao fazerem uma expedição ao universo kafkiano.
A mais importante dupla de filósofos já formada, autora de textos célebres como O Anti-Édipo, Mil Platôs e O que é a Filosofia?, analisa a obra de Kafka, propondo, a partir dela, o conceito de literatura menor. “‘Menor’ não qualifica mais certas literaturas, mas as condições revolucionárias de toda literatura no seio daquela que se chama grande (ou estabelecida)”, esclarecem. Os autores consideram como suas principais características a desterritorialização da língua, a ligação do individual no imediato-político e o agenciamento coletivo da enunciação.
No que concerne a desterritorialização da língua, Deleuze e Guattari mostram que Kafka “faz de sua literatura algo impossível”. Judeu nascido em Praga, optou por escrever em alemão, tornando-se uma espécie de estrangeiro em sua própria língua. “Em suma, o alemão de Praga é uma língua desterritorializada, própria a estranhos usos menores (cf., em outro contexto hoje, o que os negros podem fazer com o inglês norte-americano)”.
Em Kafka: por uma literatura menor, segundo Anne Sauvagnargues, professora da Universidade de Paris X, Deleuze e Guattari demonstram que “a literatura não tem nada de um lazer inofensivo, mas é uma máquina de guerra, uma experimentação política”. A literatura é um lugar privilegiado para a experimentação de novas linguagens e de novas subjetividades, para além do sentido e do significado, para além do Édipo e da psicologia do autor. Leitura imprescindível para os leitores de Kafka e/ou de Deleuze e Guattari.
Sobre os autores – Gilles Deleuze (1925-1995) foi um dos mais influentes filósofos franceses do século XX. Depois de ensinar filosofia na Sorbonne e na Universidade de Lyon, foram os cursos de Vincennes que o tornaram célebre. Pensador da imanência, escreveu livros que marcaram época, como Lógica do sentido e Diferença e repetição; publicou diversos estudos sobre filósofos, como Hume, Espinosa, Nietzsche e Bergson; e sobre artistas, como Proust e Francis Bacon.
Félix Guattari (1930-1992) foi um filósofo, militante político e psicanalista francês, tendo sido aluno e paciente de Jacques Lacan, antes de romper com ele. Inventor da esquizoanálise, clinicou durante muitos anos na famosa clínica La Borde. Publicou notadamente Revolução molecular: pulsações políticas do desejo e O inconsciente maquínico: ensaios de esquizoanálise.
Sobre a tradutora – Cíntia Vieira da Silva é professora adjunta no Departamento de Filosofia e no Programa de Mestradoem Estética e Filosofia da Arte da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Doutora em Filosofia pela Unicamp, com estágio de pesquisa na École Normale Supérieure, em Lyon (França), é coeditora da revista Alegrar e autora de Corpo e pensamento: alianças conceituais entre Deleuze e Espinosa (2007).
Título: Kafka: por uma literatura menor
Autores: Gilles Deleuze e Félix Guattari
Tradutora: Cíntia Vieira da Silva
Coleção: Filô – Série: FilôMargens
Número de páginas: 160
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 38,00
ISBN: 978-85-8217-312-1
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