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Vencedor do Prêmio Ibero-Americano SM de Literatura defende fantasia na educação

Nov 28, 2008

Vencedor do Prêmio Ibero-Americano SM de Literatura defende fantasia na educação

Bartolomeu Campos de Queirós

O ganhador do IV Prêmio Ibero-Americano SM de Literatura Infantil e Juvenil, o escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós, de 64 anos, foi escolhido por unanimidade pela comissão julgadora dentre 23 candidatos ibero-americanos. A entrega do prêmio acontece no próximo dia 2 de dezembro, durante a Feira Internacional do Livro de Guadalajara, no México.

O Prêmio Ibero-Americano SM é promovido por um grupo de instituições lideradas pela Fundação SM e acontece anualmente desde 2004. Busca reconhecer autores vivos que escrevam em espanhol ou português e que tenham uma valiosa e relevante obra destinada ao público infantil e juvenil.

Campos de Queirós também foi o responsável pelo texto e a organização do livro Nascemos livres, lançamento de Edições SM que apresenta uma adaptação livre e poética da Declaração Universal dos Direitos Humanos para jovens leitores, a partir de uma versão simplificada desse documento elaborada por Anistia Internacional, no ano em que se comemoram 60 anos da sua assinatura.

Nesta entrevista, Campos de Queirós fala sobre o papel da literatura na vida dos jovens leitores e da sua relação com a educação.

O senhor foi o vencedor por unanimidade do IV Prêmio Ibero-Americano SM de Literatura Infantil e Juvenil, concorrendo com outros 22 autores de diferentes países ibero-americanos. Vê pontos de contato entre a sua obra e a de outros autores ibero-americanos?

Embora tenhamos problemas comuns, vejo que nos diferenciamos na maneira de tratá-los. Depois, a originalidade é um aspecto importante para que a obra se configure como criativa. As diferenças também se colocam na medida em que cada cultura conceitua a infância. Nós, brasileiros, temos hoje nos ocupado muito com a preservação da infância, sem considerá-la vazia de pensamentos e reflexões.

Por que a preferência em escrever livros para o público infanto-juvenil?
 
Não acredito na vocação nata em escrever para o público infanto-juvenil. Quando proponho um texto, persigo sua possibilidade entre várias possibilidades de leitura. Tanto quero a criança como leitora como quero o adulto recuperando sua infância perdida. Daí ser um texto breve, mas exercido sem ignorar a força democrática da metáfora.
 
Como aborda filosófica e poeticamente a literatura?

Sou, por natureza, um sujeito reflexivo, silencioso e que procura sempre o outro lado das coisas. Sei que meu olhar não esgota o mundo. Talvez seja esta a característica do meu trabalho. Tomo cada objeto que me sensibiliza como objeto de reflexão. Quanto à poesia, sinto que ela suaviza as dores do não-saber e ter que fantasiar.


 A literatura abre a porta para o leitor.
A paisagem, ele descobre, constrói, realiza


Que autores tiveram papel importante na sua formação?

Na minha infância não existia, como hoje, uma vasta literatura disponível aos jovens. Lia contos de fadas, alguns livros sobre a vida de santos, e me aventurava em algum romance lido por minha mãe. Monteiro Lobato conheci mais tarde. Quando no curso ginasial, meu professor já me apresentou Machado de Assis, José de Alencar, José Lins do Rego. Fui me aproximando da produção para os mais jovens na medida em que a exercia.

O livro pode gerar uma relação afetiva na criança? Até onde isso pode ir?
 
Acredito que a boa literatura torna o leitor mais sensível diante do mundo. A sensibilidade promove a afetividade. Quando sensíveis, reconhecemos que sabemos menos sobre os mistérios que vestem cada coisa do mundo. Isto nos faz cautelosos, atentos e flexíveis diante das coisas. E a criança é, por si só, um ser com os sentidos novos e a percepção privilegiada. E ser sensível, creio, é um caminho capaz de concorrer para uma humanidade mais digna.

O Brasil tem um índice de leitura muito baixo. Como deveria ser estimulada a leitura?

Sei que o País tem um índice de leitura pequeno, mas significativos movimentos têm sido feitos para redimensioná-lo. Há um grande empenho de várias entidades. Basta lembrar o trabalho da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, o Leia Brasil, a Câmara Brasileira do Livro, o Plano Nacional do Livro e Leitura do Ministério da Cultura. Muitos estados realizam feiras e bienais, e cresce o número de bibliotecas públicas. Ainda falta muito, como trabalhar para formação de um professor-leitor.
 
Justiça social se aprende com literatura?

Justiça social é um exercício contínuo. Toda uma sociedade deve estar empenhada. É claro que, agindo sensivelmente, a literatura pode contribuir. O leitor passa a repensar seus valores descobrindo que cada sujeito é um ser de relações. A riqueza do coletivo se torna transparente.

A educação pode tem um caráter de lazer? Como seus livros propõem o lazer aos jovens?

A educação deve ser um prazer. Como podemos estar infelizes numa escola que dá respostas a nossas curiosidades, dialoga com nossos interesses? A educação escolar se torna insuportável quando determina, a priori, o que devemos aprender. A literatura abre a porta para o leitor. A paisagem, ele descobre, constrói, realiza.

Como a melhoria na educação brasileira pode ser alcançada? Qual o papel da arte literária na melhoria da educação brasileira?
 
A educação vai melhorar na medida em que praticar a liberdade de permitir ao aluno a prática da fantasia. Todo o real é uma fantasia que ganhou corpo. Permitir a liberdade ao aluno para instalar sua fantasia concorre para o movimento do mundo, para a inauguração de novos produtos e propostas. 


Toda obra literária tem um caráter político


 A escola ainda tem um caráter humanizador?

 

Humanizar é confirmar que não existe um conceito de crianças. Cada criança é um conceito. Nos humanizamos quando praticamos nossa diferença reconhecendo que somos seres comunitários e que estar com o outro, também com sua diferença, é um comportamento fundamental. Exercê-lo passa a ser um prazer. Não sei se a escola faz isso ou se usa provas para igualar seus alunos. Provas que medem o que ele tem que saber e não o que ele sabe.
 
Em setembro, a Fundação SM e a OEI divulgaram uma pesquisa sobre a qualidade da educação sob o olhar dos professores. Na pesquisa foi revelado que a maior parte dos professores acredita que a família é o instrumento mais importante na hora de educar. Para o senhor, qual o papel da família, da mídia e da escola na hora de educar?

Acredito que os pais têm suas funções e a escola outras. Aos pais cabe cuidar de seus filhos, adotando-os com afeto, alimentando, vestindo, e confirmando que eles são bem-vindos à vida. E mais, praticando continuamente os valores culturais, sociais. À escola, informar aos alunos sobre a história dos homens e mulheres, suas descobertas e inventos, convidando-os a contribuir com a evolução. Daí seu papel de informação e transformação.
 
Como vê as mudanças da literatura infanto-juvenil nos últimos anos no Brasil?

A literatura no Brasil tem ganhado, nos últimos tempos, uma grande força. São muitos escritores novos surgindo e as editoras realizando um bom trabalho de seleção e edição. O País tem sido reconhecido pela qualidade de seus trabalhos em várias partes do mundo.
 
Segundo a comissão julgadora do Prêmio Ibero-americano, o senhor foi escolhido pela “transcendência de sua obra que se manifesta na profundidade dos temas que trata, no respeito ao leitor, no compromisso com a arte literária sem concessões e no caráter poético e filosófico de sua obra”. Há um compromisso político em sua obra?
 
Toda obra literária, assim creio, tem um caráter político. Enquanto sensibiliza o leitor, enquanto propõe uma reflexão e convida o leitor à fantasia, ela se faz política. Se tais elementos passam pelo campo da poesia sua função ainda se faz maior.

O que significa ganhar o Prêmio Ibero-Americano de Literatura da Fundação SM na sua carreira? 
 
Receber o Prêmio Ibero-Americano de Literatura da Fundação SM só me traz alegria. Ver o meu trabalho reconhecido por um empreendimento com reconhecimento público, entre outros tantos países, é saber que meu trabalho não foi em vão. Ao mesmo tempo, tal escolha pesa, pois passo exigir mais de mim na minha produção.


Clique aqui para conhecer a obra Nascemos livres, último trabalho de Bartolomeu Campos de Queirós, lançado por Edições SM.
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