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OPINIÃO | Corinthiano de corpo e alma
Apr 22, 2013
Artigo do presidente da Liga do Desporto, Jean Gaspar, sobre o Dia do Torcedor Corinthiano
Dizem que é redundante adjetivar o torcedor corinthiano como sendo “roxo”. Corinthiano é sempre roxo. Ou melhor, é alvinegro de corpo e alma. Sou, assumidamente, um de seus fiéis torcedores. Por isso, nesse 23 de abril, data dedicada ao Torcedor do Sport Club Corinthians Paulista, por ser o dia do seu padroeiro, São Jorge, congratulo-me com os mais de 30 milhões de brasileiros que nesta data sentem o mesmo amor pelo Timão. Somos a Nação Corinthiana.
Assim como outros brasileiros, nasci numa família em que o esporte tem uma presença fundamental. Meu pai foi jogador de futebol amador e minha mãe uma torcedora incondicional do esporte em geral e fã do ex-jogador de basquete, Marcel de Souza. Os jogos de basquete e de futebol eram eventos imperdíveis em casa. Tive uma infância marcada pela prática de diversas modalidades, como o futebol, o vôlei, o basquete, o tênis etc. Junto com meus irmãos, o ex-jogador do Corinthians e seu atual gerente, Edu Gaspar, e a professora de dança e ginasta, Fabrícia Gaspar, que precocemente nos deixou, vítima de acidente, crescemos com o gosto pelo esporte. Além de praticantes, somos também torcedores e apaixonados pelo Corinthians. É nesse sentido que proponho refletirmos sobre o significado de ser corinthiano de corpo e alma.
Nossa torcida sustentou o time durante todo o período de jejum de títulos, o mais difícil de nossa história. E demos um exemplo de dedicação, amor absoluto e grandeza de espírito. Mesmo sem levantar nenhum troféu por quase 23 anos, o número de seguidores do Timão só cresceu. Em 1976, um marco na nossa história: 80 mil torcedores foram ao Maracanã para o jogo da semifinal do Brasileirão contra o Fluminense. Foi, e até hoje é, um dos maiores deslocamentos pacíficos do homem no mundo.
Torcer é respeitar o adversário e as diferenças culturais, é ser solidário, é ajudar a salvar vidas e a construir uma sociedade melhor, mais alegre e harmoniosa.
No ano passado, no Japão, a mesma coisa: uma verdadeira invasão corinthiana pacífica. E o que mais distinguiu esta festa do futebol foi o comportamento da nossa torcida. A garra corinthiana foi um modelo de superação, de coragem e de cidadania no país que nos acolheu.
Demonstramos que tão importante como valorizar o esporte é valorizar a vida. Levamos para o mundo, além do exemplo de amor pelo time, nossa alegria e calor humano que surpreendem e contagiam os estrangeiros. Acidentes, como o ocorrido na Bolívia, no início deste ano, com a morte do jovem Kevin, não refletem nosso espírito solidário e nosso compromisso com a vida.
É esse o exemplo que milhares de corinthianos dão ao participarem da Campanha Sangue Corinthiano. Nessas ocasiões, vestimos nosso manto sagrado para doar sangue, salvar vidas e mostrar ao Brasil o poder de nossa torcida.
Sim, torcedores corinthianos, merecemos comemorar o nosso dia, já que fizemos e continuamos fazendo a diferença. Mostramos para o mundo que torcer é respeitar o adversário e as diferenças culturais, é ser solidário, é ajudar a salvar vidas e a construir uma sociedade melhor, mais alegre e harmoniosa.
Temos a maior torcida do mundo e isso nos impõe o compromisso de sermos um modelo, não apenas no esporte, mas em nosso dia a dia. A disciplina, a organização e a paixão que temos pelo Timão devem também servir como base para construção do nosso Brasil.
Vai, Corinthians!
Jean Gaspar, mestre em Filosofia pela PUC/SP, é apresentador do programa Filosofia no Cotidiano (TV Cantareira) e presidente da Liga do Desporto, entidade que promove atividades físicas e desportivas como instrumento de educação e formação da cidadania.
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