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Wellington Srbek estreia nova etapa em sua trajetória autoral
Apr 01, 2015
Conhecido pelo trabalho como roteirista e editor de quadrinhos, Srbek acaba de lançar quatro livros de poemas e textos no formato e-book. Nesta entrevista, ele revela detalhes sobre sua relação com a literatura e as HQs, o processo de criação e projetos futuros.
Srbek acaba de lançar quatro títulos exclusivamente no formato e-book: Brincando com fogo (R$ 5,99), Sobre o amor e outras perdições (R$ 5,99) eInstantâneos (R$ 2,99), que somam 90 poemas inéditos, além de Pequeno vocabulário imaginário (R$ 5,99), com redefinições criativas para 74 palavras. Confira aqui mais informações e trechos sobre cada uma dessas obras e, a seguir, um bate-papo com o autor.
Você é autor, editor, pesquisador e professor de quadrinhos. E, agora, também escritor em verso e prosa. Poderia nos contar um pouco como foi sua relação com a literatura?
Até os 12 anos eu não lia nada. Só via seriados e desenhos animados na TV. Aí, comecei a colecionar HQs. À medida que descobria quadrinhos de melhor qualidade, percebi que muitos deles tinham influência da literatura. Como na época eu também queria me tornar autor de quadrinhos, passei a ler livros de história, ciências, filosofia e, especialmente, literatura. William Shakespeare e Machado de Assis foram autores que me fizeram descobrir que ler literatura podia ser tão legal quanto ver um desenho animado ou assistir a um seriado de TV. Acho que as adaptações para os quadrinhos que fiz de obras deles foram uma forma de homenagear e agradecer a influência que tiveram em minha formação cultural.
Em 1986, você criou sua primeira história em quadrinhos por diversão, começando a colecionar revistas no ano seguinte. O que despertou seu interesse pelas HQs? Algum herói em especial?
Criei minha primeira HQ aos 11 anos, como uma forma de continuar brincando e inventando histórias, dessa vez não com bonecos Comandos em Ação e Transformers, mas com lápis, papel, caneta... De qualquer forma, o elemento principal estava mantido, que era exercitar a imaginação. Sempre tive quadrinhos de super-heróis, que ganhava dos adultos, mas passei a colecionar HQs de fato em 1987, quando fui a uma banca para procurar o n°1 da revista dos Thundercats; não encontrei, mas uma revista com uma página repleta de super-heróis conquistou minha atenção e os Cz$ 7,00 que eu tinha no bolso. Ali começou minha coleção.
Sua relação com os quadrinhos foi intensa desde a juventude. Como foi essa experiência?
Comecei a criar HQs antes de colecionar regularmente, mas as duas atividades foram evoluindo lado a lado, pois à medida que eu descobria novos quadrinhos, também queria aperfeiçoar os quadrinhos que eu mesmo criava. Enquanto fazia cursos de desenho, eu descobria os clássicos das HQs europeias, norte-americanas, japonesas e brasileiras. E quando passei a escrever críticas de quadrinhos semanalmente para jornais, também me tornava um autor profissional, lançando minha primeira revista mensal. Depois vieram edições cada vez mais elaboradas, os primeiros prêmios nacionais, enquanto eu fazia mestrado e doutorado sobre os quadrinhos como forma de arte e experiência formativa. Quando eu já não era mais tão jovem, continuei produzindo minhas HQs e ensinando quadrinhos para uma nova geração que se interessava por essa fascinante forma de arte.
As HQs estão cada vez mais sendo utilizadas pelas escolas como forma de estimular a leitura de crianças e jovens. Como você vê essa relação?
Acho isso fantástico! Quando eu estava no mestrado na Faculdade de Educação em 1998-1999, as pessoas ainda torciam o nariz para a ideia de que os quadrinhos são uma forma de arte e têm valor formativo. Pesquisas como as minhas e de outras pessoas, no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, ajudaram a difundir a percepção, nos meios acadêmicos e escolares, de que os quadrinhos podem ser uma arte educativa e que gostar de HQs é uma cultura tão legítima quanto outras.
Na Editora Nemo, selo de quadrinhos do Grupo Autêntica, você foi o editor responsável pelo lançamento no Brasil de diversos quadrinhos nacionais e internacionais. Conta pra gente como foi essa experiência, que rendou uma série de prêmios.
Foi ótima a experiência de participar da construção de uma editora de HQs a partir do zero! Publiquei alguns belos trabalhos na Nemo e com ela pude trazer para o mercado editorial vários roteiristas e desenhistas que até então só atuavam no mercado independente. Também me orgulho de ter contribuído diretamente para que grandes clássicos dos quadrinhos mundiais finalmente saíssem no Brasil, como Arzach de Moebius, A Trilogia Nikopol completa de Enki Bilal e Os Companheiros do Crepúsculo de François Bourgeon, entre outros. Foram mais de 4 anos de dedicação quase exclusiva ao projeto do selo, e fico feliz por ter contribuído para o amadurecimento do mercado brasileiro de quadrinhos.
Sua HQ “Solar”, escrita em 1994, ganhou no ano passado mais um volume. Como foi esse processo de retomar uma história 20 anos depois?
Solar é um personagem muito especial para mim! Eu o criei em 1994, e foi com a revista “Solar” que iniciei, em 1996, minha trajetória como quadrinista profissional. O personagem já foi desenhado por diversas pessoas, teve mais de uma versão, mas eu achava que ele merecia uma edição à altura da qualidade de sua história. Então, desde 2011 estou envolvido no projeto de renovação do herói, primeiro reescrevendo sua história, depois produzindo e lançando o álbum Solar: História de Origem, com desenhos e cores de Abel Vasconcellos, balonamento e editoração de Cleber Campos. O álbum ficou lindão, recebeu ótimas resenhas e comentários elogiosos, muita gente disse que a história deixa um gosto de “quero mais”. Agora estamos concluindo a continuação da HQ, que pretendo lançar em breve.
O que o levou a publicar seus livros de poemas e o “Vocabulário” apenas no formato e-book e não no impresso?
Não cogitei produzir edições impressas próprias para os livros de poemas e textos, pois teria que cuidar da distribuição deles, o que é bem complicado. Procurei várias editoras de poemas, mas no geral a resposta que tive foi uma proposta de “parceria”, na qual basicamente eu financiaria a edição, ficando com metade da tiragem, o que não resolvia o problema da distribuição e não me pareceu vantajoso. Então, comecei a pesquisar possibilidades de publicação e cheguei ao Kindle Direct Publishing, que é o sistema de edição independente pela Amazon, que disponibiliza o e-book para aparelhos Kindle, mas também para computadores, smartphones e tablets em geral. O mercado de livros digitais ainda está começando a se formar, mas a decisão de publicar trabalhos em versão digital foi, sobretudo, para poder levá-los às pessoas, torná-los disponíveis para quem possa se interessar pelos novos versos e pelas palavras reinventadas que eles trazem.
Como você enxerga o futuro do livro no Brasil?
O futuro do livro e do mercado editorial em nosso país depende muito de uma Educação de qualidade. O interesse pela leitura pode acontecer em qualquer fase da vida, mas uma sociedade de leitores se forma com a disseminação do prazer pela leitura. O mercado editorial enfrenta fortes concorrentes hoje, e muitas vezes se deixa levar ou vê como única opção investir em modismos passageiros. Claro que continuaremos tendo livros, impressos ou digitais, mas creio que as editoras estão numa fase de reencontrar e redefinir seu caminho e sua função neste nosso século intermidiático, de fenômenos tão efêmeros e superficiais.
Quais são seus próximos projetos?
Incontáveis! Há muito tempo descobri que criava mais ideias do que seria capaz de realizar ou financiar. Já bolei muitos personagens e enredos que jamais chegaram ao papel, e suspeito que seria capaz de criar todo um universo de personagens para uma editora. Infelizmente, faltam tempo e dinheiro para colocar em prática todas as ideias. Então, a estratégia é ir realizando o máximo de criações possível. No momento, além de divulgar os e-books que lancei, estou me dedicando à continuação da série “Solar”, que já está com os capítulos do próximo álbum escritos e terminando de serem desenhados. Além disso, tenho poemas narrativos maiores, que escrevi há exatamente 1 ano, que dariam uma bela edição ilustrada. Algo que gostaria de retomar é a produção de HQs educativas, especialmente no tema do meio ambiente. No mais, tenho algumas ideias para adaptações literárias bem bacanas, então creio que não faltariam bons projetos para começar do zero um novo selo de quadrinhos. O fundamental para mim é continuar criando e escrevendo, pois exercitar a imaginação foi o que começou toda esta história e me mantém neste caminho há quase 30 anos!
Mais informações sobre Wellington Srbek estão disponíveis em:
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